Minha história pessoal com o Terrier brasileiro é bastante antiga. O meu primeiro foi em 1990. A primeira ninhada que tive foi ainda em 1991.
Engraçado eu pensar assim, mas criar Terrier brasileiro para mim é algo que me realiza como pessoa. Posso dizer que me encontrei mais, que me tornei uma pessoa melhor ao criar esta raça. Por ser cheia de qualidades, por ser brasileira, por me lembrar da infância.
O Terrier brasileiro não é uma raça que tem um dono, mas tem muitos criadores que foram fundamentais na evolução e fixação do tipo racial bonito que conhecemos hoje.
Quando resolvi criar de verdade, profissionalmente, ou seja, numa estrutura adequada e planejada, fiz escolhas interessantes que hoje se mostram essenciais para o meu projeto de criação. Este momento coincide com o momento e que muitos e bons criadores estavam parando de criar. Assim, fiz uma aposta na diversidade com qualidade. Neste primeiro momento, eu não quis ter muito homogeneidade, mas queria ter um plantel diversificado e que tivesse todas as características que eu admirava na raça. Saúde, beleza, tipo físico adequado. Queria cães bonitos e complementares.
Passados mais de 10 anos deste momento, percebo que ninguém fez este tipo de aposta e hoje o que vemos é um monte de criadores parecidos, com cães parecidos, com interesses e valores parecidos e sem variedade no plantel. Penso que são variações do mesmo tema.
Corte no tempo. Em 2012, pelo fato das Nacionais da raça estarem mostrando cada vez menos cães e serem julgadas por árbitros generalistas, optou-se depois de longos anos por um árbitro-criador. O problema dos árbitros generalistas é que em geral valorizam só o que conseguem enxergar e premiam cães sem a tipicidade necessária ou sem aptidão para a caça (é para isso que surgiu a raça!). Aí, tínhamos cães covardes, tímidos e que se movimentavam sem fluência, sem vigor.
Voltando para 2012, que foi o ano que voltei a condicionar e expor meus cães, observei que as pessoas queriam um cão bonito e curto, mas sem função. Eram cães que funcionariam para exposições gerais, porque ali o cão mal anda e o árbitro não analisa detidamente o cão.
Essa exposição foi filmada e o vídeo está disponível no Youtube. É incrível notar como especialmente um cão que levei, chamado Kiko, já a 6ª geração do nosso canil, se movimentava de forma muito diferente, aliás, o temperamento era muito diferente. Como eu não estava frequentando exposições, não tinha me dado conta, mas hoje percebo que não fui que mudei, foi a criação que seguiu por um caminho perigoso. A comprovação disto que falo está no vídeo abaixo: